Governador de Minas Gerais questiona repasses do governo federal ao Nordeste: "Ajuda eterna" e "moeda de troca

 



O governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo), voltou a criticar o Nordeste, durante entrevista ao programa Contexto Metrópoles, na quarta-feira, 27. Zema criticou os repasses federais feitos a estados nordestinos e afirmou que os programas que viabilizam políticas públicas, na verdade, teriam transformado a região em uma zona eternamente dependente da verba do governo federal.


"Tem pessoas que precisam de ajuda, tem cidades que precisam, tem estados que precisam e você deve estar viabilizando aquela ajuda para evitar que a pessoa passe fome, para evitar que uma empresa tenha que demitir milhares de funcionários. Precisa ter o tempo de sanar essa situação. E o que existe no Brasil? Uma ajuda eterna e que não acaba nunca. Aí eu sou contra”, afirmou o governador.


E acrescentou:


"Aqui no Brasil nós estamos criando cidades e estados para o governo federal ficar arcando eternamente. Porque virou uma moeda de troca. Eu vou continuar mandando dinheiro e você continua votando em mim. E isso é o que está acontecendo”.


Neste mês, Zema lançou sua pré-candidatura à Presidência da República durante o Encontro Nacional do partido Novo, na Zona Sul de São Paulo. Durante o evento, Zema criticou o apoiadores do presidente Lula e afirmou que pretende chegar a Brasília para “varrer o PT do mapa”.


Reincidência


Essa não é a primeira vez que Zema é protagonista de polêmicas por falas envolvendo o Nordeste. Em 2023, numa entrevista concedida ao Jornal O Estado de S. Paulo, o governador defendeu a união do Consórcio Sul-Sudeste (Cosud) para fazer frente a estados do Nordeste.


"Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade? Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, disse o governador de Minas Gerais à época.


Apesar de representar apenas 27% da população brasileira, o Nordeste concentra 43,5% da população em situação de pobreza e 54,6% em extrema pobreza, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Já o Sudeste, com 42,1% da população, registrava 30,7% das pessoas na pobreza e 23,8% na extrema pobreza.


Os números mostram que, mesmo recebendo uma parcela significativa das transferências federais e programas sociais, o Nordeste continua enfrentando desafios estruturais maiores que as regiões Sul e Sudeste.


O Consórcio de Integração Sul e Sudeste foi criado em 2019 com o objetivo de fortalecer a cooperação entre os governos dos sete estados: Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.


O Povo / Foto Reprodução do MPF